No Rio Grande do Sul
O nosso homem do campo desconhece as comemorações do natal à maneira como hoje são usuais nas cidades, como uma árvore de neve, enfeitada, e de presentes ansiosamente esperados, com um Papai Noel atemorizando os guris travessos ou fazendo elogios ao bom filho. Isto não quer dizer que no campo os homens tenham se esquecido das mensagens cristãs de Natal, a entrada do Ano Novo e o Dia de Reis. Se o dia primeiro de janeiro é festivamente assinalado por um churrasco e "ressacas", não menos vibrantes são os festejos de Natal, com os "Ternos de Reis" - grupos musicais que anunciam, de rancho em rancho, de casa em casa, o nascimento do Salvador.O objetivo desta visita varia de um terno para outro: alguns visam unicamente louvar a memória de Jesus Menino; outro terno visa propiciar aos cantadores uma doce retribuição ao desgaste de suas cordas vocais, através de fartos comes e bebes que os donos da casa nunca se esquecem de oferecer. Finalmente, há aqueles que, oprimidos pelas necessidades materiais que muitas vezes afligem nossos trabalhadores rurais, saem "pedindo os reis", na certeza de que ao menos no campo ainda não se esqueceram de toda as lições de fraternidade que Cristo legou aos nossos homens de bem.
Cantiga de Reses - Origens
A "Cantiga de Reses" é uma tradição comemorativa da visita dos Reis Magos quando do nascimento do Menino Jesus. Sua origem perde-se na poeira dos tempos e hoje se resguarda nos rincões mais afastados de nosso pago, onde as inovações do progresso ainda não se firmaram e onde a gente simples e boa não precisa apelar para nada mais do que seus sentimentos cristãos, a fim de conseguirem beleza e alegria para as festas do Natal. É uma festividade alicerçada nos acontecimentos bíblicos da religião católica.Esta herança, que nos legaram os colonizadores portugueses, encontrar-se não somente no Rio Grande do Sul, mas é rememorada em muitíssimos estados do Brasil, onde foi sofrendo modificações, ampliadas por motivos folclóricos particulares, conforme atestam os trabalhos realizados por eminentes folcloristas, como sejam: Crispim Mira, Morais Mello Filho, Achiles Porto Alegre, Câmara Cascudo, Renato Almeida e tantos outros, afora os mencionados anteriormente.
Fonte: O Natal Gaúcho e os Santos Reses" - João Carlos Paixão Côrtes 1982 - IGTF